1998 – O MUNDO MÍSTICO DOS CARUANAS NAS ÁGUAS DO PATU-ANU
Resultado
Campeã do Grupo Especial (LIESA) com 270 pontos
Data, Local e Ordem de Desfile
5ª Escola de 23/02/98, Segunda-Feira
Passarela do Samba
Autor(es) do Enredo
Comissão de Carnaval
Carnavalesco(s)
Comissão de Carnaval
Presidente
Farid Abraão David
Diretor de Carnaval
Comissão de Carnaval
Diretor de Harmonia
Laíla e Valber Frutuoso
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Selminha Sorriso e Claudinho
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Janailce e Carlos Augusto
Coreógrafo da Comissão de Frente
Ghislaine Cavalcanti
Bateria
300 Componentes sob o comando de Mestre Plínio e Paulinho Botelho
Contigente
4000 Componentes em 44 Alas
Samba Enredo
Autor(es)
Alencar de Oliveira, Wilsinho Paz, Noel Costa, Baby e Marcão
Puxador(es)
Luiz Antônio Feliciano Marconde (Neguinho da Beija-Flor)
Beija-Flor
E o mundo místico dos Caruanas
Nas águas do Patu-Anu
Mostra a força do teu samba
Contam que no início do mundo
Somente água existia aqui
Assim surgiu o girador, ser criador
Das sete cidades governadas por Auí
Em sua curiosidade, aliada à coragem
Com seu povo o fundo foi tragado
O que lá existia aflorou, o criador semeou
Surgindo os seres viventes em geral
E de Auí se deu a flora, fauna e mineral
Sou Caruana, eu sou
Patu-Anu nasceu do girador, obá
Eu trago a paz, sabedoria e proteção
Curar o mundo é minha missão
Pajé, a pajelança está formada
Eu vou na barca encantada
Anhangá representa o mal
Invoque a energia de Auí
Pra vida sempre existir
Oferenda ao mar pra isentar a dor
Com a proteção dos caruanas Beija-Flor
A pajelança hoje é cabocla
Na Ilha de Marajó, vou dançar o carimbó
Lundu e siriá, marujada e vaquejada
Minha escola vem mostrar
O folclore que encanta
O estado do Pará
Tendo como base o livro: “O mundo místico dos Caruanas e a revolta de sua ave” escrito pela Pajé Zeneida Lima, oriunda da Ilha de Marajó, a Beija-Flor de Nilópolis apresentará no Carnaval de 1998 o enredo cujo tema será a “Pajelança Cabocla”.
O Tema:
A Pajelança da Ilha de Marajó é uma herança das diversas tribos que habitavam esta ilha e que pouco a pouco foram sendo dizimadas e hoje, em vez de índios, a Ilha abriga caboclos que perpetuam a “Pajelança” denominando-a “Pajelança Cabocla”.
Canta o pajé caboclo evocando o Caruana Beija-Flor, energia guardiã do culto e da doutrina. Canta o lamento por ver sua cultura em vias de destruição. O homem branco com seus deuses de pedra e outro despreza as energias, fonte de vida e equilíbrio.
No fundo da mata o pajé canta sua crença… “No tempo em que o mundo era coberto por água, o Girador em forma de labaça de barro surgiu no horizonte azul onde hoje se encontra a ilha de Marajó e construiu sete cidades sobre as águas para servir de moradia a Auí, um ser delicado e transparente, e seu povo.
Auí, líder do povo saído do Girador, movido pela curiosidade colocou-se no fundo do remoinho para tocar no fundo das águas o barro e a lama, materiais do qual era feito o Girador. Seu gesto causou um desequilíbrio e as sete cidades submergiram e foram transformadas em sete cidades encantadas. Auí e seu povo são transformados em Caruanas, energias encantadas auxiliadoras do mundo dos viventes.
Em meio a desordem cansada por Auí, a terra do fundo aflorou formando partes sólidas no que antes era apenas água e libertou Anhanga, energia que vem em resposta aos males causados à natureza e que passou a habitar os baixios e alagadiços. miasmas e águas paradas.
O mundo encantado precisava de uma força maior que o regesse, na verdade um mantenedor ao qual os Caruanas devessem obediência, um genitor que perpetuaria a vida sob as águas.
Então do Girador nasceu o “Patu-Anu”, o grande mistério do mundo das águas, o útero sagrado.
No “Patu-Anu” os Caruanas passariam por vários estágios.
Ao “Patu-Anu” ainda foram delegados os poderes da criação de vários elementos que compunham o mundo da encantaria e suas missões, tais como: a Casa de Espuma, local onde os Caruanas descansam de seus estágios evolutivos: a Lírica do Mar, espécie de espelho encantado que passeia pelas águas refletindo a vida na terra.
Há o Barco de Casco de Tartaruga, transporte místico dos’ Caruanas e a Escadinha de Coral, escala evolutiva dos Caruanas que, quanto mais profundo o estágio, mais apurada está a energia.
Para vigiar a entrada e saída dos Caruanas do mundo das águas, o Patu-Anu criou o Gavião de Olhos Brilhantes e Bico de Marfim, que paira sobre a superfície, como guardião.
O instrumento de comunicação entre o mundo dos encantados e o mundo dos viventes é o Pajé, aquele que celebra a pajelança, ritual místico onde há a troca de energias. Esta troca de energias entre o pajé e o Caruana é feita pelo Peixe de Sete Asas, ser fantástico que traz em seus olhos as energias das águas do “Patu-Anu”.
O pajé caboclo canta sua região: “O Pará dos encantos: do mercado ver-o-peso, das riquezas minerais; da fauna e da flora imensamente ricas. O Pará dos búfalos, dos boiadeiros, dos Igarapés e da alegria. O Pará místico, das ervas encantadas, dos feitiços e da magia Caruana:
O G.R.E.S. Beija-Flor mostra ao mundo uma cultura milenar, trazendo para a avenida: Pará – O Mundo Místico dos Caruanas nas Águas do Patu-Anu.