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2005 – O VENTO CORTA AS TERRAS DOS PAMPAS. EM NOME DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO GUARANI, SETE POVOS NA FÉ E NA DOR… SETE MISSÕES DE AMOR

Resultado
Campeã do Grupo Especial (LIESA) com 399,4 pontos

Data, Local e Ordem de Desfile

7ª Escola de 07/02/05, Segunda-Feira
Passarela do Samba

Autor(es) do Enredo

Comissão de Carnaval

Carnavalesco(s)
Comissão de Carnaval

Presidente
Farid Abraão David

Diretor de Carnaval
Laíla

Diretor de Harmonia
Laíla

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Selminha Sorriso e Claudinho

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Janailce e Carlos Augusto

Coreógrafo da Comissão de Frente

Ghislaine Cavalcanti

Bateria

250 Componentes sob o comando de Mestre Plínio e Paulinho Botelho

Contigente

57 Alas

Samba Enredo

Autor(es)

J.C. Coelho, Ribeirinha, Adilson China, Serginho Sumaré, Domingos PS, R. Alves, Sidney de Pilares, Zequinha do Cavaco

Puxador(es)
Luiz Antônio Feliciano Marconde (Neguinho da Beija-Flor)

Clareou…
Anunciando um novo dia
Clareou…
Abençoada estrela guia
Traz do céu a luz menino
Em mensagem do divino
Unir as raças pelo amor fraternizar
A companhia de Jesus
Restaura a fé e a paz faz semear
Os jesuítas vieram de além mar
Com a força da fé catequizar… e civilizar

Na liberdade dos campos e aldeias
Em lua cheia, canta e dança o guarani
Com tubichá e o feitiço de crué
Na “yvy maraey” aiê…povo de fé

Surgiu
Nas mãos da redução a evolução
Oásis para a vida em comunhão
O paraíso
Santuário de riquezas naturais
Onde ergueram monumentos
Imensas catedrais
Mas a ganância
Alimentada nos palácios de Madri
Com o tratado assinado
A traição estava ali
Oh, pai, olhai por nós!
Ouvi a voz desse missioneiro
O vento cortando os pampas
Dobrando a esperança
Nesse rincão brasileiro

 

Em nome do pai, do filho
A Beija-flor é guarani
Sete povos na fé e na dor
Sete missões de amor

 

Sinopse

Na infinidade dos céus, luziu a claridade da grande estrela.
Era a anunciação da luz mensageira.
A luz em forma de menino.
A fonte que fez cintilar a igualdade entre as raças e juntou a mirra, o ouro e o incenso em louvor ao soberano do reino dos céus.
E a luz se fez homem.
O tempo passou. O império das trevas se fez anunciar e a noite se sobrepôs ao dia… Reinou a escuridão.
O homem ergueu fabulosos templos e bordou com o mais rico metal. Mas, sem seguir os ensinamentos do Bom Pastor, afastou-se da caridade perfeita, a inspiração eclesiástica.
Os cataclismos da inquisição pareciam jogar, definitivamente, por terra, os últimos vestígios dos herdeiros do Trono de Pedro.
Numa Europa decadente, protesta o rebanho de uma igreja de controvérsias e, com a reforma de Lutero, a mais sólida instituição do mundo, oscila em suas próprias raízes seculares e, só não cai, porque o bafejo do Senhor ainda alimenta.
Se fazia necessário substituir as almas dissidentes e arrebatar novas ovelhas para um rebanho disperso.
Bem-aventurado sejas, Oh! Mundo Novo!
Sinais de um novo tempo a se descortinar.
As terras conhecidas estenderam-se para o ocidente desconhecido. E para lá seguiram os missionários da esperança cristã, que levavam a missão de restaurar a fé perdida e pregar por recantos insólitos os ensinamentos do Rio dos céus.
Através dos princípios da Companhia de Jesus, Deus desceria novamente até os homens, envolvendo-os na paz de sua glória infinita.
Sul da América do Sul, o vento corta as terras dos pampas e o índio guarani é o senhor do seu tempo; tempo que trouxe os padres jesuítas e que se encarregou de multiplicar o gado e “civilizar” o índio em nome do Criador.

Ergueu-se ali, em território bravio, um verdadeiro império da opinião. Um Reino da fartura e do bem estar coletivo, que gerou Sete Missões de Amor.
A fama das Missões, também chamadas cidades perfeitas ou o novo paraíso, cortou as terras dos pampas e despertou a insanidade do sertanista bandeirante, que surgiu sorrateiro, ávido pelo mesmo gado e pelo mesmo índio civilizado.
Mas, aquelas terras tinham dono e da coragem do guerreiro manifestou-se a resistência: louvado seja. Ceci Tiarajú que, com a própria vida, defendeu as Missões e a nação Guarani.
A ação missioneira que pretendemos mostrar não poderia, dessa maneira, decifrar-se unicamente na apreciação dos monumentos que se adivinharam nas fantásticas ruínas das Missões, nem nas estátuas ou na coleção de peças dessa origem recolhidas aos museus.
Faltar-lhe-ia alguma coisa.
E esse seria a própria alma que vitalizara esses mudos atestados de um mundo diferente em que palpitava a vida em gestos admiráveis de fé, em vibrações inspiradoras e fortes.
E os gestos de fé e de amor para superar a dor, fizeram dos índios e dos jesuítas, imitadores do próprio Cristo crucificado.
A paixão de Cristo parte foi de noites sem dormir, parte de dias sem descansar, e tais foram suas noites e seus dias.
Cristo despido e eles despidos.
Cristo sem comer e eles famintos.
Cristo em tudo maltratado e eles maltratados em tudo.
Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isso se compunha a imitação daqueles almas.
Cabe hoje, a todos nós, tocados pelos ventos do passado e embalados pelos ventos do presente, preservarmos as brisas que estão por vir; Com a alma guarani, nos tornamos verdadeiros guerreiros, defensores da nossa cultura, carregando nos próprios ombros as pedras e tijolos que manterão firmes os alicerces das nossas raízes e erguer, com o suor da nossa memória, os templos indestrutíveis da nossa história.
História de fé e dor;
De lutas e batalhas sangrentas, mas acima de tudo, de infinita resistência.
História de um povo, sobretudo forte e que se somando a tantos outros vindos de várias partes do mundo, fez triunfar no sul do nosso território, um Brasil de diversos sotaques, de variadas cores e múltiplos sabores.
Ah! Brasil da arte de misturar.
Benditos, somos nós, frutos do vosso ventre de glória eterna.
E abençoado és teu solo, “em que se plantando tudo dá”.

 

Laíla, Cid Carvalho, Fran-Sérgio, Shangai e Ubiratan Silva
Comissão de Carnaval

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